quarta-feira, 23 de junho de 2010
Superando a Ira
Nesta semana enquanto eu aguardava em uma fila de carros para entrar no estacionamento de uma padaria em Higienópolis, fui surpreendido por dois rapazes em um Audi prata que saiu de trás do meu carro e parou ao meu lado esquerdo. O motorista, que queria entrar na garagem de um prédio de apartamentos, abriu o vidro e bradou: “Sai da frente seu Animal!”
Eu sou por natureza uma pessoa de pavio curto e de reação instantânea, mas desta vez eu me contive e apenas perguntei aos rapazes: “Qual é a razão disso? Prá que me chamar de animal?”.
Daí prá frente eu não posso mais repetir o que eu ouvi dos dois jovens. Eles queriam entrar na garagem do prédio e não puderam esperar um minuto fila andar. Eles me agrediram verbalmente e moralmente e eu me senti profundamente humilhado!
Por alguns instantes meu sangue ferveu, a adrenalina explodiu em meu corpo e a ira tomou conta completamente do meu ser! Eu tinha duas opções naquele momento: descer do carro e descarregar toda a minha ira e o meu sentimento de injustiça e indignação naqueles dois rapazes mesmo correndo riscos maiores ou frear os meus impulsos e ir prá casa com um nó na minha garganta e encontrar a minha família.
Apesar da cólera eu tomei a segunda decisão e fui pra casa sem reagir, mas com o sentimento terrível de ter sido agredido moralmente e de ter sofrido uma tremenda violência moral.
Demorou algum tempo para eu conseguir me desligar desta cena de desrespeito e violência, bem como, para a adrenalina baixar em meu corpo. Entretanto, eu agradeci a Deus por ele não ter deixado que aquela agressão dos dois rapazes determinasse as minhas atitudes.
Em nossa sociedade são muitas as situações de violência física e moral a que estamos sujeitos. Quantas discussões no trânsito não acabam em tragédia? Quantas pessoas não usam seus cargos de autoridade para oprimir subalternos? Quantas pessoas não se sentem melhores do que as outras só porque tem maior poder econômico, ou porque ocupam uma posição social de destaque?
A violência a que estamos sujeitos em nossa sociedade não é apenas física, mas moral, social, religiosa, e econômica também. Como reagir? Como se portar diante de uma violência? O que fazer com a ira que por vezes toma conta de nós quando nosso sangue ferve? Como defender a nossa honra e não sairmos com o sentimento de que fomos diminuídos?
A Bíblia nos dá alguns conselhos difíceis, mas sábios diante das situações que podem suscitar a nossa indignação e a nossa ira.
No Salmo 4.4 encontramos: “Quando vocês ficarem irados, não pequem; ao deitar-se reflitam nisso, e aquietem-se”.
Perceba que a bíblia não diz: “Não fiquem irados”, mas “Quando ficarem irados...”. A ira é um sentimento natural do ser humano, e é impossível não experimentá-lo, principalmente quando somos desrespeitados ou agredidos!
O que está em questão aqui não é o sentimento de ira e indignação, mas o que vamos fazemos com este sentimento que nos oprime. Uma das atitudes mais comuns é a reação violenta e imediata. Entretanto, quando reagimos violentamente, na mesma proporção com que fomos agredimos, agimos pela emoção e podemos cometer erros irreparáveis.
Por isso, o autor de Provérbios nos alerta: “O tolo dá vazão à sua ira, mas o sábio domina-se”. Provérbios 29.11
Ainda, quando reagimos movidos pela ira as nossas atitudes se não produzem justiça. Veja o que Tiago diz: “Sejam todos prontos para ouvir, tardios para falar e tardios para irar-se, pois a ira do homem não produz a justiça de Deus”. Tiago 1.19-20
Em suma, quando damos vazão a nossa ira, de maneira irracional e violenta, deixamos que as atitudes dos outros acabem determinando as nossas próprias atitudes.
Mas como lidar, então, com a ira que por vezes é justa? Como lidar com aquele nó na garganta? Seguem algumas sugestões baseadas na sabedoria bíblica:
1º. Devemos procurar controlar a nossa força!
Veja novamente o que diz o sábio autor de Provérbios: “O tolo dá vazão à sua ira, mas o sábio domina-se”. Provérbios 29.11 Não reagir no momento da cólera pode parecer sinal de fraqueza, mas é, na verdade, um sinal de domínio próprio e autocontrole! Atitudes tomadas sob forte emoção só trazem prejuízos pessoais.
2º. Devemos agir apenas após a adrenalina baixar!
Reveja o conselho do salmista: “Quando vocês ficarem irados, não pequem; ao deitar-se reflitam nisso, e aquietem-se”. Salmo 4.4 Não reagir no momento da ira também não é sinal passividade, mas de sensatez e prudência. Em meio a raiva é mais fácil errar, mas após a fúria passar é mais fácil tomar as atitudes assertivas.
3º. Devemos entregar e confiar a Justiça a Deus!
Veja a confiança do escritor do Salmo 37: Não se aborreça por causa dos homens maus... Confie no SENHOR e faça o bem... Entregue o seu caminho ao SENHOR; confie nele, e ele agirá... Descanse no SENHOR e aguarde por ele com paciência; não se aborreça com o sucesso dos outros, nem com aqueles que maquinam o mal. Evite a ira e rejeite a fúria; não se irrite: isso só leva ao mal... Os ímpios tramam contra os justos e rosnam contra eles; o Senhor, porém, ri dos ímpios, pois sabe que o dia deles está chegando. Salmo 37.1-13
Deus é o justo juiz. Quando decidimos fazer justiça com as próprias mãos nos tornamos iguais aos agressores e em vez de justiça promovemos a vingança. No entanto, quando entregamos para Deus a nossa causa e confiamos nele, podemos esperar pela justiça que é certa!
Que Deus nos ajude a enfrentar todas as situações de stress que geram ira em nossos corações.
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