Jesus chega ao âmago da questão quando deposita a criança sobre a perna, Ela não é muito centrada em si e por isso não é cheia de acanhamentos e inibições, nem é dada a fingimentos.. Recordo-me da noite em que o pequeno Jonh, de três anos de idade, bate em nossa porta acompanhado dos pais. Olhei para baixo e disse:
_ Olá, John! Que bom ver você!
Ele não olhou nem pra esquerda nem pra direita. Tinha o rosto rígido como uma pedra. Franziu a testa, meio cerrando os olhos com a mira apocalíptica de uma arma em posição de tiro.
_ Cadê os biscoitos? _ Exigiu.
O reino pertence a pessoas que não estão tentando fazer parecer que são boas, nem buscando impressionar ninguém, muito menos a si próprias. Não ficam arquitetando meios de chamar a atenção para si, preocupadas com a forma em que suas ações serão interpretadas, nem se perguntando se ganharão medalhas por seu comportamento. Vinte séculos depois, Jesus dirige-se incisivamente ao asceta presunçoso que se deixou enredar pelo narcisismo fatal do perfeccionismo espiritual, também àqueles de nós que se viram gloriando-se de suas vitorias na vinha, àqueles de nós que se preocupam demasiadamente, fazendo estardalhaço, com suas fraquezas humanas e defeitos de caráter. A criança não precisa lutar por uma boa posição que lhe permita relacionar-se com Deus.
(Extraido do livro Meditações para Maltrapilhos - Brennan Manning)
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